O QUE É TERAPIA DOS ESQUEMAS?




A terapia dos esquemas foi desenvolvida por Jefrey Young em 1990 para tratar pacientes que não respondiam de forma adequada à Terapia Cognitivo Comportamental (TCC) ,  principalmente para aqueles depressivos ou com ansiedade crônica, transtornos alimentares e problemas nos relacionamentos amorosos.   Mostrou-se também muito eficaz para tratamento com criminosos e entre usuários de álcool e drogas, evitando recaídas. O objetivo deste tipo de terapia é a cura de ESQUEMAS criados e desenvolvidos durante a infância e adolescência que e se arrastam por toda a vida do sujeito, tornando-se desadaptativos. 

Os esquemas desadaptativos remotos são memórias, emoções e sensações corporais que se ativam quando o indivíduo encontra ambientes que o fazem “lembrar” o que produziu tais esquemas. Eles resultam de necessidades emocionais fundamentais não satisfeitas na  infância e vão se repetindo como temas de padrões amplos e generalizados disfuncionais em um grau significativo na relação do indivíduo com seus pares.   Ou seja, diante de uma inundação de sentimentos negativos, os esquemas são acionados e tornam-se desadaptativos  pois, geralmente, não combinam mais com a situação vivida no momento.

Para se adaptar a um ao esquema, o indivíduo desenvolve  ESTILOS DE ENFRENTAMENTO, que são conjuntos de respostas desenvolvidas desde a mais tenra infância. Estes estilos operam inconscientemente e traz como consequência uma RESPOSTA DE ENFRENTAMENTO.

Os ESTILOS DE ENFRENTAMENTO podem ser RESIGNAÇÃO, EVITAÇÃO  ou HIPERCOMPENSAÇÃO. Quando um indivíduo “escolhe” inconscientemente a RESIGNAÇÃO como forma de expressão, ele CONSENTE o esquema. Quando “decide” EVITAR, ele não ATIVA o esquema. Na HIPERCOMPENSAÇÃO,  LUTA contra o esquema.

Por exemplo, usando o estilo de enfrentamento RESIGNAÇÃO, o paciente CONSENTE o esquema e REPETE padrões da infância. Podem escolher parceiros que têm maior probabilidade de tratá-los como o pai e a mãe o tratavam no passado para perpetuar o esquema.

Na EVITAÇÃO, os pacientes organizam a sua vida para que o esquema não seja ativado. Eles usam como resposta de enfrentamento a FUGA. Geralmente, bebem demais, usam drogas, fazem sexo promíscuo, comem demais, limpam compulsivamente ou são viciados em trabalho.

Na HIPERCOMPENSAÇÃO, o indivíduo LUTA contra os esquemas. O paciente aqui dedica-se a ser o mais diferente possível das crianças que foram quando o esquema foi adquirido. Quando há sinal de manifestação do esquema, ele contra-ataca. Até parece saudável. Na  superfície é auto suficiente, mas no íntimo, sente a ameaça do esquema.

Estes ESTILOS DE ENFRENTAMENTO, funcionam como um TRAÇO do comportamento do indivíduo, enquanto a RESPOSTA DE ENFRENTAMENTO, funciona como um ESTADO.

Jefrey Young conceitua também a ideia de MODOS DE ENFRENTAMENTO. Estes são os MODOS DE OPERAÇÃO dos esquemas (estados emocionais, respostas de enfrentamento).  São como  “BOTÕES EMOCIONAIS”, ativados por situações de vida as quais somos super sensíveis.  

Young destaca  quatro MODOS DE ENFRENTAMENTO e diz que este é o conceito mais difícil de explicar na TEORIA DOS ESQUEMAS. Os modos são diferentes partes do EU (SELF)  que dividem-se em distintas personalidades. Inúmeras vezes, estas partes não estão conscientes uma das outras e podem ter diferentes nomes, idades, gêneros, traços de personalidade, memórias e funções.  Pessoas psicologicamente saudáveis também atuam com estes modos reconhecíveis, no entanto o SELF ou EU não é consideravelmente fragmentado, como acontece com pessoas com algum transtorno.

Ele descreve dez modos de operação dos ESQUEMAS e agrupa em quatro categorias diferentes.

1)   CRIANÇA: 

  •      Modo criança vulnerável:  neste modo, o afeto é o de uma criança desamparada, assustada, triste, frágil.
  •           Modo criança zangada:  o afeto aqui é de uma criança furiosa, com acesso de raiva.
  •       Modo criança impulsiva: Expressa emoções e age a partir de desejos, seguindo suas vontades de maneira negligente.
  •      Modo criança feliz: aqui as necessidades emocionais básicas parecem  encontrar-se satisfeitas.


2)   ENFRENTAMENTO DISFUNCIONAL

  •      CAPITULADOR COMPLACENTE:  submete-se ao esquema, tornando-se a criança passiva e desamparada que deve ceder aos outros.
  •   PROTETOR DESLIGADO: Desliga-se  psicologicamente do sofrimento abusando do álcool ou das drogas.
  •      HIPERCOMPENSADOR: Reage maltratando outras pessoas numa tentativa de refutar o esquema.

3)   PAIS DISFUNCIONAIS

  •       PAI/MÃE PUNITIVOS: Pune um dos modos da criança por se comportar mal.
  •       PAI/MÃE PUNITIVOS EXIGENTES:  Empurra e pressiona a criança a cumprir padrões elevados de comportamento.


4)   ADULTO SAUDÁVEL

  •         É o que se deve fortalecer na terapia, ensinando o paciente a moderar, a cuidar de curar os outros modos.


Sendo assim, podemos perceber que o MODO é o ESTADO predominante que estamos no momento da ativação do esquema. O indivíduo pode mudar de um modo a outro no mesmo esquema.  Um dos objetivos da Terapia é ajudar os pacientes a passar de um modo disfuncional para um funcional, como parte do processo de cura de esquemas desadaptativos remotos.

Paro por aqui para não ficar muito complexo e depois volto a escrever um pouco mais sobre esta fascinante teoria.

Até mais

Adriana Santiago
CRP: 05-20345
Psicóloga Positiva


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