O ESQUEMA DE PRIVAÇÃO EMOCIONAL


        Natália*, 34 anos,  procura atendimento muito deprimida, reclamando da frieza e distância do marido. Sua tristeza é contundente e sua depressão crônica, pois sempre que se dirige à Paulo*, (38)  em busca de abraços e de solidariedade, ele se irrita e se afasta. A seu turno, ela reage exageradamente à frieza do marido, que apesar de amá-la, não sabe como demonstrar. Este comportamento gera um ciclo vicioso: A frieza de Paulo aflora a  raiva em Natália, e a raiva dela, faz com que ele fique mais frio na relação, detonando seu ESQUEMA DE PRIVAÇÃO EMOCIONAL.
            
        Antes de se casar, ela havia se relacionado com um homem muito carinhoso, mas se sentiu “sufocada” por ele. Seus carinhos a deixavam absolutamente irritada. Natália sempre se sentiu atraída por homens que a privaram emocionalmente, e Paulo se encaixou muito bem neste padrão.Filha única de pais emocionalmente frios, que cuidavam de suas necessidades físicas, no entanto negligenciavam suas questões afetivas e emocionais, Natália perpetua sua privação da infância, pois foi assim que “aprendeu” a reagir.
            
         Este exemplo ilustra como a privação muito precoce na infância leva ao desenvolvimento de um esquema, que depois é acionado involuntariamente, provocando relacionamentos disfuncionais e por consequência, a depressão.    O esquema de Privação Emocional se caracteriza por uma expectativa de que a necessidade de conexão amorosa nunca será atingida. Pacientes com este esquema, sentem-se privados de emoções e pensam que não tiveram afeto, carinho e atenção suficientes. Chegam à terapia  solitários.amargos, deprimidos, mas em geral não sabem o porquê!

         Geralmente não se expressam e não são claros no que se refere às suas  necessidades afetivas. Não demonstram desejo de amor e conforto e é muito comum escolherem pessoas que não conseguem ou não querem se envolver. Os escolhidos, comumente, são frios, distantes, auto centrados ou carentes, portanto com muita possibilidade de privá-lo de expressões amor e carinho. Esta opção é uma forma de reforçar  seu esquema desadaptativo remoto.

       Em contrapartida, pacientes que hipercompensam a privação emocional são muito exigentes e se irritam quando suas necessidades não são alcançadas. Alguns foram tratados com muita permissividade quando crianças; mimados materialmente, sem regras a cumprir. Muitas vezes são adorados na sua infância, por algum talento ou dom, desenvolvendo seu  narcisismo. Como foram tratados com indulgência e privados de emoções, acham que seus desejos devem ser atendidos imediatamente sempre.

     Em outro extremo, pacientes mais esquivos, tornam-se solitários evitando relacionamentos íntimos ou, no máximo, mantêm-se em relacionamentos muito frios e distantes. Outros pacientes, ainda, podem se tornar exageradamente carentes. Eles expressam tanta necessidade de atenção e amor que acabam muito  apegados ou desamparados. Têm inúmeras queixas físicas pois assim recebem atenção especial. Este é o caso dos histriônicos.
           
       O objetivo da terapia com estes pacientes é fazê-los entender que estas necessidades  são naturais e corretas. Toda criança precisa de carinho, empatia e proteção. Os adultos também. Ajudar os pacientes a se tornarem conscientes de suas carências emocionais e fazê-los entender que podem escolher amores mais adequados às expectativas reais é o grande mote do nosso trabalho com esquemas.
            
     
(* nomes fictícios)
Até mais.
Obrigada
Adriana Santiago
CRP: 05-20345

Psicologia Positiva

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